"Outeiro de Santa Catarina"
Os remanescentes do famoso Outeiro de Santa Catarina representam o marco zero da civilização santista. Por cima das rochas sobreviventes do famoso morrinho dos tempos coloniais, está a casa acastelada construída no final do Século 19 pelo médico italiano João Éboli, hoje ocupada pela Fundação Arquivo e Memória de Santos. O Outeiro de Santa Catarina recebeu esse nome em razão da construção, em 1540, de uma capela consagrada à Santa Catarina de Alexandria, cuja imagem sacra existe até hoje e é considerado o objeto mais antigo da história de Santos ainda preservado (ela está no Museu de Arte Sacra de Santos).
A capela, erigida a mando dos colonos Luís de Góes e Catharina de Andrade e Aguillar, existiu em duas versões. A primeira, no sopé do Outeiro, próximo ao local hoje ocupado pela Praça Antônio Telles. Esta acabou sendo demolida depois de ter sido saqueada e incendiada pelos piratas comandados pelo inglês Thomas Cavendish, que invadiu a Vila de Santos na noite de Natal de 1591. A segunda versão foi erguida no alto do Outeiro, alguns anos depois, e ali sobreviveu até meados do Século 19, sendo demolida por conta do desmonte do Outeiro, cujas pedras foram utilizadas para o calçamento de ruas. Desta ação, só sobraram duas grandes rochas, adquiridas por João Éboli em 1870, que ali ergueu sua residência em forma de castelo, como uma forma dele lembrar-se de sua terra natal, na Província de Salerno, Itália, região dotada de alguns castelos.
Em 1902, a Câmara Municipal decidiu instalar uma placa de bronze nas rochas do Outeiro, como forma de lembrar a importância daquele sítio para a história da cidade. A placa traz os seguintes dizeres: "Esta rocha é o resto do Outeiro de Santa Catarina, e foi sobre este Outeiro que Braz Cubas lançou os fundamentos desta povoação, fundando ao mesmo tempo, época de 1543, o Hospital da Misericórdia, sob a invocação de TODOS OS SANTOS, que deu o nome a esta cidade e primeira instituição que se estabeleceu no Brasil. Câmara Municipal de Santos, 22 de outubro de 1902"
Em 19 de agosto de 1916, João Éboli e sua esposa, Ana Moreira, vendiam o imóvel situado nas rochas remanescentes do Outeiro de Santa Catarina, para o italiano Aléssio Rossielo e sua mulher, Luiza Ippolito. Em 28 de março de 1924, a casa era novamente vendida, desta vez para Alexandre de Mello Faro, que foi dono dela até sua morte. Em 25 de maio de 1951, Irene Maria Angelica Ribeiro, e seu marido, Carlos Carnot Garcia, adquiriam o imóvel, diretamente do espólio de Alexandre de Mello Faro. Quatro anos depois, o bem passava para as mãos da Imobiliária Itararé Ltda, com escritura lavrada em 4 de julho de 1955. A partir daí, o espaço caiu no ostracismo, em função da mudança de perfil do Centro de Santos. Em 1960, a Prefeitura declarou de utilidade pública para fins de desapropriação a casa acastelada e o sobrado frontal que se apoiavam nas rochas do Outeiro, mas não impediu sua invasão por famílias sem moradia, situação que se manteve pelos anos 70 e 80.
Em 1985, o local foi tomado pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico do Estado de São Paulo). Essa atitude fez com que o município iniciasse um movimento para tomar posse do local em definitivo, o que aconteceu no início dos anos 1990, quando, após restaurado, o Outeiro recebeu o Centro de Memória Santista e a Videoteca Municipal. Em 15 de dezembro de 1995, o Centro de Memória foi transformado na Fundação Arquivo e Memória de Santos, que ali manteve sua sede administrativa.
No ano 2000, a Prefeitura decidiu urbanizar a área circundante do Outeiro de Santa Catarina, abrindo uma praça e uma ampla área de estacionamento. E aproveitou para promover o restauro da casa acastelada e do sobrado frontal à Rua Visconde do Rio Branco. A Fundação Arquivo e Memória de Santos ocupou o espaço até 2012, quando se mudou para outro local, para que fosse implantado um projeto de acessibilidade, que só foi concluído em 2022, junto com um novo restauro.
O Outeiro de Santa Catarina, enfim, está presente na vida dos santista, que se orgulham de seu marco de fundação, de suas origens, repletas de aventuras e desafios. A Cerveja Outeiro de Santa Catarina reflete esse espírito de resistência e orgulho, como um bom santista.
Catharina Sour
Estilo nascido em Santa Catarina, estado de coração do nosso cervejeiro Victor Doneux, que vem ganhando o Brasil e o Mundo. O estilo encontra raízes no clássico alemão Berliner Weisse, mas com a exuberante adição de frutas frescas e corpo sutilmente mais elevado que sua “parente” alemã. Uma cerveja de finalização seca, com acidez limpa e aroma protagonizado pelas frutas e/ou especiarias escolhidas durante a brassagem.