Estação Valongo

Considerada a mais antiga plataforma ferroviária do Estado de São Paulo, aberta em 1867, a Estação do Valongo é um tesouro arquitetônico, por suas características inglesas típicas do período Vitoriano (Rainha Vitória - 1837/1901), tido como um dos reinados mais firmes e potentes da história britânica. A estação de Santos é parte de um dos maiores projetos de engenharia realizados no Brasil no Século 19, que inclui também a Estação da Luz, em São Paulo. Esta é uma história que tem início em 1839, quando é apresentado o primeiro projeto ferroviário para ligar a zona cafeeira ao Porto de Santos. Uma curiosidade é que este projeto foi avaliado por Robert Stephenson, filho de George Stephenson, inventor da primeira locomotiva a vapor e construtor da linha férrea entre Manchester e Liverpool, precursora de todas as estradas de ferro do mundo.

Em 1859, um dos maiores empreendedores do país, Irineu Evangelista de Sousa, o Barão de Mauá, tratou com o então Governo Imperial sobre a construção da estrada de ferro, bancando os estudos e exames do trecho compreendido entre a cidade de Jundiaí e o alto da Serra do Mar. Nesta época, o maior desafio era vencer, pela engenharia, os 800 metros de descida da Serra do Mar, considerado impraticável. No Brasil não havia ninguém com tanta experiência para encarar a tarefa. Por isso, Mauá correu para contratar um dos maiores especialistas no assunto: o engenheiro ferroviário britânico James Brunlees.

Para a execução do projeto, o empreendedor brasileiro contratou Daniel Makinson Fox, engenheiro que havia liderado as construções de estradas de ferro que venceram as dificuldades geográficas impostas pelas montanhas do norte do País de Gales, bem como nos Pirenéus, entre Espanha e França.

Depois de muito avaliar as possibilidades de caminho, Fox descobriu a passagem perfeita, pelo vale do Rio Mogi, praticamente o mesmo traçado dos antigos caminhos do índios guaianás.

A construção da estrada começou, então, em 15 de março de 1860, em um trecho de 20 km que ia de Santos e terminava no pé da Serra do Mar, conhecido como Piaçagüera. Para vencer este pedaço, foi necessário construir duas pontes paralelas, cada uma com 150 metros de comprimento, que unia Santos ao continente. Mais tarde, tiveram de ser transpostos o rio Mogi, com uma ponte com três aberturas de 20 metros cada uma, e o rio Cubatão, com outra ponte de quatro aberturas de 23 metros cada.

Pouco tempo depois, iniciou-se o trabalho de construção da linha entre a capital e o alto da Serra, onde foi criada uma estação que serviu de acampamento para os operários, batizada como Paranapiacaba (que, na língua guaianá, significa “de onde pode se ver o mar”.

A estrada, chamada pela imprensa de “São Paulo Railway” (Estrada de Ferro de São Paulo) curiosamente foi construída sem o auxílio de explosivos, uma vez que o terreno se mostrou muito instável. A escavação das rochas foi feita somente com uso de cunhas e pregos. Alguns cortes chegaram a 20 metros de profundidade. Para proteger o leito dos trilhos das chuvas torrenciais foram construídos paredões de alvenaria de 3 a 20 metros de altura, o que consumiu 230 000 metros cúbicos de alvenaria.

A despeito de todas as dificuldades, a construção terminou 10 meses antes do tempo previsto no contrato, que era de oito anos. A São Paulo Railway foi, então, finalmente aberta ao tráfego a 16 de fevereiro de 1867, com a inauguração oficial da Estação do Valongo.

O prédio
Quando foi inaugurada, a Estação do Valongo era bem diferente do aspecto atual. Tida como acanhada e desconfortável, só modificou sua aparência e qualidade de recepção na década de 1890, quando foi completamente reformada e ampliada, ganhando ares de característica Vitoriana, recebendo telhados típicos da arquitetura inglesa e um belo relógio, de pontualidade “britânica”.  

A Estação cumpriu sua finalidade até 30 de novembro de 1995, ocasião em que foi desativada, assim como o serviço de transporte de passageiros para São Paulo. O prédio ficou abandonado por um tempo, até que foi encampado pela Prefeitura de Santos, que ali promoveu um restauro em 2004. No espaço foi, então, instalada a Secretaria de Turismo da cidade.  

Em 2017, ainda que tardiamente, a Estação do Valongo foi tombada pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo). O local é, de fato, um dos maiores tesouros arquitetônicos de Santos, abrigando hoje a parada principal do bonde turístico de Santos, um restaurante-escola e diversas ações culturais, unindo-se ao Museu Pelé, seu vizinho frontal.  

Foto topo: Anderson Bianchi

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